Cambalacho: Experiência da Fusão Sonora
O evento que reúne em uma noite as mais variadas vertentes da
arte brasileira
Por Fabricia Zamataro
Se em meados dos anos 50 os Dj´s foram os grandes responsáveis pelo sucesso no
rádio de ícones como Elvis Presley, e incentivadores de movimentos culturais jovens
como o Movimento Rock And Roll; desde os anos 70 são eles que, além disso, foram
para as pistas com a incumbência de não deixar ninguém parado. Dotados de uma
percepção musical diferenciada, os Dj´s representam no set list uma época, estilos
e tendências, e têm como dever transferir seu conteúdo e experiência para os toca-
discos. É através da aparelhagem que o som chega aos ouvidos do público, de diversas
gerações, que se alimenta da música.
Quem comparece ao Cambalacho – evento que acontece em Curitiba (PR)
semanalmente, aos domingos –, logo de início se depara com uma trilha sonora
diversificada que vai dos clássicos da MPB, passa pelo Samba, Reggae, Dub, e chega
com categoria à Black Music. Juntos, ou separados, esses ritmos e gêneros fazem parte
de um repertório da melhor qualidade, reunido criteriosamente por dois profissionais
com o mesmo objetivo de décadas atrás: o de não deixar ninguém parado.
Tudo que toca no Cambalacho hoje vem das pick-ups dos Djs Anaum e Jeff Bass
– especialistas na arte da discotecagem através de toca-discos analógicos e digitais,
mixers, softwares e hardwares para execução de música performática ao vivo. A
diversidade musical tão presente no repertório representa o conceito da “fusão
sonora”, idealizado desde o início do projeto. Uma mistura à brasileira, que une estilos,
tribos e diversas expressões artísticas.
Se numa primeira impressão o destaque é a música, numa segunda e terceira,
aparecem com naturalidade a arte e a dança. Uma coisa, conseqüentemente, leva a
outra. E é essa união de vertentes da arte brasileira que faz do Cambalacho um evento
de característica inovadora, principalmente na capital paranaense. A arte é vista nas
variadas cores, em pinturas nas paredes, na decoração do ambiente, e até mesmo nos
trajes do público, crítico, exigente e fiel. A dança é praticamente inevitável.
No antes pequeno, e agora espaçoso ambiente – o Cambalacho se mudou do
alternativo bar Soho Underground para o Espaço Cultural Era Só O Que Faltava -,
dançarinos leigos e profissionais balançam ao som dos Djs do começo ao fim, com
direito a performances improvisadas e esporádicas que saem do corpo como uma
resposta à música que entra. É um evento para se ver, ouvir, sentir e mexer. Afinal de
contas, o público não só comparece como participa com vozes, energia e suingue.
Em julho de 2009, o Cambalacho completa um ano e meio de vida. Para os Djs e
idealizadores do projeto “ele se concretiza hoje como um evento que une públicos
diferentes, apresenta sonoridades diversificadas, e consegue manter sua identidade
artística”. Não é para menos que o projeto rendeu aos Djs uma turnê que incluiu
apresentações em praças como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, e em três
cidades do Interior do Paraná.
Para os próximos meses os planos são produzir um CD com um mix das músicas
que marcaram o primeiro ano da trajetória do Cambalacho. Em seguida, vêm os
preparativos para a próxima turnê. Enquanto ela não chega, Jeff Bass e Anaum
pretendem estar cada vez mais ligados com a fotografia, o circo, e as artes plásticas. É
desta forma que o projeto se enriquece e torna para quem o freqüenta uma
experiência única.
www.youtube.com/cambalachocrew